Aeroporto Juscelino Kubitschek, em Brasília, é tomado
por filas; dezembro é o mais mais movimentado
Sindicatos do setor aéreo civil confirmaram
que vão entrar em greve em todo o país a partir das 6 horas de quinta-feira,
após terminarem em impasse as negociações por ajuste salarial com as companhias
aéreas.
A paralisação inclui aeronautas (pilotos,
comissários e mecânicos de vôo) e aeroviários, que trabalham em terra, nos
aeroportos.
Os sindicatos não deram detalhes da greve,
mas afirmaram que a adesão será grande. Se isso ocorrer, o tráfego aéreo no
país pode parar, justamente às vésperas do Natal – época mais movimentada do
ano.
Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil
(Anac), a previsão é de que os aeroportos em dezembro recebem 1,5 milhões de
pessoas a mais do que a média do ano.
‘Irresponsabilidade’
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva
reconheceu o direito de greve dos trabalhadores, mas ressaltou que a população
não pode ser prejudicada.
“Espero que os brasileiros não sejam
vítimas da insensatez. O que não pode é uma atitude de irresponsabilidade que
leve o povo a sofrer”, afirmou Lula.
“Não acho correto alguém impedir que a
pessoa viaje no Natal. Vou conversar com o ministro Nelson Jobim (Defesa)
amanhã”, completou, dizendo que tanto os trabalhadores como as companhias
poderiam flexibilizar um pouco suas posições.
De acordo com o presidente, Jobim e Paulo
Bernardo (Planejamento) estão empenhados em evitar a paralisação.
A Federação Nacional dos Trabalhadores em
Aviação Civil (Fentac) – que reúne sindicatos nacionais e regionais - informou
que funcionários começarão a fazer piquetes em aeroportos a partir da meia
noite e que as paralisações podem inclusive começar antes das 6h de
quinta-feira, já que é uma decisão pessoal de cada trabalhador.
Pela manhã, mais de 150 trabalhadores do
setor aéreo fizeram uma manifestação no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de
Janeiro, prejudicando as operações no local.
Os aeronautas defendem 15% de reajuste
salarial e os aeroviários, de 13%, enquanto a proposta das companhias aéreas é
de 6,85%, considerando a correção pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor
(INPC) mais meio ponto porcentual de ganho real.
Medidas
pontuais
A presidente da Anac, Solange Vieira, disse
não acreditar na possibilidade de um caos aéreo: "Nossa expectativa é a de
que não vai haver uma greve geral, mas focos de paralisação controláveis."
A agência informou que está tomando medidas
pontuais para lidar com a situação, como reforçar o número de funcionários,
ajustar escalas – para concentrar mais trabalhadores nos horários de pico – e
monitorar o movimento nos saguões.
Vieira afirmou ainda que o contingente de
polícia estadual foi acionado para garantir que os funcionários que não
aderirem à greve possam trabalhar.
Tanto a Anac como a Infraero orientaram os
passageiros a ligarem para a companhia aérea antes de sair de casa, para
confirmar o vôo.
Em caso de atraso ou cancelamento de voos
já no aeroporto, o cliente deve procurar a empresa aérea ou um representante da
Anac nos aeroportos que tiverem esses postos de atendimento.
As principais companhias aéreas do país
afirmaram que pretendem manter sua programação normal para quinta-feira.
A GOL informou que não prevê alterações nos
900 voos previstos. Em comunicado, a TAM afirmou estar confiantes na “conclusão
adequada” do processo de negociação com os funcionários.
O Sindicato Nacional das Empresas Aéreas
(Snea) criticou a paralisação, dizendo que são “prematuras e inoportunas” e que
“as negociações ainda podem evoluir”.
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